Convivendo com um perverso

Nem era tão bonita assim. Sua educação, delicadeza e inteligência eram seu passaporte para conquistas que alimentavam a certeza quanto a sua infalibilidade.

Com frequência sentia-se ameaçada por pessoas que desfrutavam de sua convivência há algum tempo e atribuía tal sensação à inveja que delas emanava. Nesses momentos, tornava-se agressiva e irônica, destilando em palavras e gestos sutis e velados toda sua ira, de forma a gerar no outro sentimentos de medo, a inibir a possibilidade de um entendimento.

Sua incapacidade de perceber-se suscetível aos erros fazia com que sempre, em situações como esta, projetasse toda a culpa na outra pessoa, eximindo-se de qualquer responsabilidade e deixando como alternativa de reparação, aceitar seus argumentos e submeter-se a eles.

Com o tempo, a repetição dessa dinâmica neutralizava as forças e percepções do outro, destruindo gradativamente a auto estima daqueles que junto a ela permaneciam, apesar de toda a sua insensibilidade…

Conviver com um perverso gera sentimentos infindáveis de culpa, inadequação, impotência e abandono, além de quadros severos de ansiedade e de depressão. É às custas de uma grande tensão interior que a vítima consegue acalmar seu algoz nas ocasiões em que se apresenta nervoso, que mascara o descontentamento com a relação e que se esforça para não reagir.

O organismo vive em constante estado de alerta, liberando hormônios que depreciam o sistema imunológico e modificam os neurotransmissores cerebrais. A longo prazo, a persistência de taxas hormonais elevadas gera distúrbios que se instalam cronicamente como: palpitações, sensações de opressão, falta de ar, fadiga, perturbações do sono e digestivas, nervosismo, irritabilidade, dores de cabeça e abdominais, úlceras de estômago, doenças cardiovasculares e de pele, perda ou ganho de peso e, ainda, enfraquecimento.

As estratégias básicas que norteiam um comportamento perverso, passada a fase do enredamento, são padrões agressivos nos quais pode-se notar o uso dos recursos da mentira, da linguagem paradoxal, da desqualificação, da recusa ao diálogo, todas elas como forma de confundir a vítima sobre a mensagem dada pelo agressor e a recebida por aquela, o que favorece a manutenção da manipulação e do controle na relação.

Como irritar um perverso? Mostre que percebe seu jogo. É tentador imaginar-se virando o tabuleiro, deixando fluir a própria natureza perversa, mas é importante saber que normalmente o perverso não perde uma guerra. Travar uma batalha psíquica com alguém com essa natureza promove um desgaste físico e emocional tão intenso quanto manter-se inerte.

O recomendável é evitar a sedução do jogo e proteger-se, buscando ajuda psicológica para que seja possível descobrir sentimentos e necessidades que promovem a vinculação a ele e o fortalecimento para libertar-se da relação ou o aprendizado necessário para lidar com ela. E neste campo, não há espaço para ilusões! Um perverso dificilmente muda seu padrão comportamental!

Por Leila

Fonte: http://vitimasdepsicopatasenarcisistas.blogspot.com.br/2013/08/convivendo-com-um-perverso.html