O Espectro do Narcisismo

O narcisismo patológico se apresenta em um espectro, um continuum que vai do mais leve ao mais grave. Tudo vai depender do grau de narcisismo que o indivíduo apresenta. Quanto mais severo o grau, piores são os seus abusos. Então você pode ter um familiar, amigo, patrão, marido ou esposa que possuem traços de narcisismo patológico. Essas pessoas podem ser egocêntricas, irritantes e difíceis de lidar. Porém, elas não possuem todos os critérios que definem um Transtorno de Personalidade Narcisista, ou seja; elas não são consideradas narcisistas patológicos. No entanto, indivíduos com fortes traços narcisistas, também podem causar incontáveis prejuízos às pessoas do seu convívio, mesmo que eles não possuam os cinco critérios mínimos que definem o transtorno completo.

Abaixo estão enumerados, os estágios do narcisismo, de forma simplificada.

Os Estágios do Narcisismo:

  1. O Narcisista Patológico.
  2. O Narcisista Maligno.
  3. O Psicopata.

 

Muitas pessoas podem ter traços “leves” de narcisismo patológico, e se comportar de forma auto-absorvida, como por exemplo: falarem muito sobre si mesmas sem ouvir o outro, ficarem se gabando demais, etc. A diferença entre elas e os verdadeiros portadores do Transtorno de Personalidade Narcisista, é que se você falar com elas sobre o seu comportamento inadequado, elas vão tentar mudar ao invés de ficar totalmente na defensiva. Elas podem não gostar da crítica, mas não vão entrar em fúria narcísica ou em total negação. Elas conseguirão reconhecer que seu comportamento foi inconveniente, vão tentar modifica-lo e terão capacidade de fazê-lo. Porém, isso não é o que acontece no caso do narcisista. Os narcisistas patológicos, não aceitam criticas e tampouco se responsabilizam pelos seus atos.

 

O Narcisista Patológico

Este é o indivíduo portador de Transtorno de Personalidade Narcisista, já descrito nos critérios de diagnóstico, em sua própria seção do site.

O individuo com Transtorno de Personalidade Narcisista,  tende a considerar os outros mais como objetos do que como pessoas.  O narcisista não se importa verdadeiramente com os sentimentos e o bem estar das outras pessoas. Para o narcisista, as pessoas só existem para atender continuamente as suas necessidades, demandas e desejos, ou seja; para lhe fornecer suprimento narcísico.

Porém, é claro, ninguém consegue satisfazer as expectativas irrealistas do narcisista o tempo todo. Quando o narcisista se sente frustrado, decepcionado ou desafiado, ele pode entrar em fúria narcísica e começar a atacar sua vítima de inúmeras maneiras, cometendo todo tipo de abusos (invalidação, vingança, difamação, desprezo, etc.).

Nessa hora não há limites para as coisas monstruosas que ele pode fazer ou dizer.

Os efeitos cumulativos de seus abusos podem ser devastadores; destroçam a personalidade, a auto-estima  e às vezes até mesmo a vontade de viver de suas vitimas.

O Narcisista Maligno

Como o nome já diz, é nessa categoria que o narcisista se torna maligno.  É onde o narcisista fará coisas cruéis e perversas de propósito para abusar de você, ou facilitar que outras pessoas abusem de você. No Narcisismo Maligno, o narcisista se alimenta sadicamente da sua dor e destruição, como um total vampiro emocional.

O Narcisista Malígno na verdade tem uma combinação de dois Transtornos de Personalidade, ou seja; Transtorno de Personalidade Narcisista e Transtorno de Personalidade Antissocial (sociopata). Por isso, é comum vermos vários termos sendo utilizados para definir essa forma de patologia.  Eles são: Narcisista Perverso, Narcisista Psicopático, Narcisista Sociopático e “Narcopata” (uma mistura de narcisista com psicopata).

O Psicopata

Para alguns autores o psicopata está no espectro mais grave de narcisismo doentio e na prática não há muitas diferenças entre ele e o narcisista maligno.

O psicopata age como um predador total. Ele não está obcecado por “aplausos” como o narcisista. Ele não tem consciência moral e não sente nenhuma culpa. Já o narcisista tem alguma consciência moral, mas se vale de racionalizações (“desculpas”) para justificar o seu comportamento destrutivo. Ele distorce, recria a realidade, mente, nega, inverte a culpa e encontra mil maneiras para não se responsabilizar pelo mal que seu comportamento doentio causa aos outros. Por isso, o efeito destrutivo que ambos têm na vida de suas vítimas, acaba sendo muito parecido.

Por Silvia Rawicz
www.superandoabuso.com