A Síndrome de Estocolmo é um fenômeno psicológico muito interessante, e que se aplica diretamente às filhas de mães narcisistas.
A Síndrome de Estocolmo é, em essência, um fenômeno que ocorre quando pessoas que foram abusadas/maltratadas se vinculam de forma estreita aos seus agressores.
Ela foi identificada pela primeira vez em 1973 em Estocolmo, Suécia (daí o nome), quando vítimas reféns de uma situação de roubo à um banco se vincularam emocionalmente aos seus sequestradores à ponto de se recusarem a testemunhar contra eles no tribunal.
A Síndrome de Estocolmo é um mecanismo psíquico de sobrevivência, que realmente faz sentido em muitos aspectos. Curiosamente, parece que tanto as vítimas de abusadores quanto de seqüestradores a experiênciam.
Vários elementos devem estar presentes para que a Síndrome de Estocolmo seja caracterizada. Eles são:
- A vítima deve sentir que existe um perigo muito real para sua própria sobrevivência.
- A vítima deve ser cortada de todas as outras perspectivas que não sejam as do agressor, ou seja; o abusador é a sua única fonte de informação.
- A vítima deve ter uma incapacidade real ou percebida, de escapar da situação.
- O abusador deve ser ocasionalmente bondoso para com a vítima.
Esta última é muito importante. É a bondade que causa a ligação. Por causa do medo e do isolamento que a pessoa experimenta, as pequenas gentilezas assumem uma importância enorme na mente da vítima. Ele ou ela se tornam incrivelmente gratos por elas. A vítima se torna grata até por coisas que são direitos seus, como alimentos, que elas achavam que não iam obter, e ficam gratas por obtê-lo.
O sobrevivente de um seqüestro de avião, disse: “Eles não eram pessoas más. Eles me deixaram comer, me deixaram dormir, eles me deixaram viver.”
Para ele, os sequestradores estavam lhe dando a vida, quando na verdade eram eles que estavam ameaçando sua vida.
Agora, como é que estes quatro elementos se aplicam às filhas de mães narcisistas?
A relação mãe-filho é parte integrante de um bebê. Qualquer rachadura que tenha irá, em um nível muito primitivo, fazer com que a criança tema pela sua sobrevivência. A mãe narcisista envia a mensagem de que ela não é um porto seguro; seja por negligência e maus tratos emocionais e/ou físicos, ou seja por “engolfamento” (quando a mãe não vê a criança como um ser separado dela).
Quanto à segunda característica, é aqui que entra o “Gaslighting”. Nossas mães não podem nos isolar literalmente e fisicamente de outras perspectivas. Porém, elas podem se assegurar de que duvidemos da nossa própria percepção e sentidos, ou de qualquer outra informação exceto aquelas que ela nos diz.
A terceira característica é naturalmente, auto-evidente. Uma criança tem uma incapacidade muito real para escapar. Além disso, o abuso pode ser muito sutil (e elas nos dizem que a culpa é nossa, etc), de modo que nós nem sequer percebemos que há alguma coisa da qual escapar. Somado a isso, mesmo como adultas, a nossa cultura nos diz que devemos… amar nossas mães! Então… até disso nós temos que lutar para escapar.
Agora, a quarta característica. As bondades ocasionais. Desde que comecei o meu fórum eu li o relato de tantas filhas dizendo que suas mães às vezes são gentis com elas e que isso as confunde. Eu diria que isso é destinado a confundi-las. Essas migalhas de bondade ou de atenção, desencadeiam a Síndrome de Estocolmo, e mantém a filha ainda mais aprisionada.
Se você é filha de mãe narcisista, não se deixe enganar por gentilezas ocasionais. Relacionamentos saudáveis são agradáveis a maior parte do tempo. Na verdade, eu vou mais longe, e digo que enquanto as pessoas que são funcionais e saudáveis podem, por vezes, ficar zangadas ou irritadas, serem egoístas, dizerem coisas impensadas, etc (o mesmo que todos nós podemos), elas dificilmente serão más ou cruéis.
Mesmo se forem, isso deve ser a exceção absoluta e não o estado usual das coisas.
Então, se você sente que não pode se afastar de sua mãe narcisista, reflita se você não estaria sofrendo de Síndrome de Estocolmo.
Por Danu Morrigan
Fonte: http://www.daughtersofnarcissisticmothers.com/
Tradução e adaptação do original por Silvia Rawicz